

Aconteceu um ano, a chuva deixou de cair. As árvores secaram e morreram.
Os rios desapareceram e a água evaporou.
As pessoas e os animais começaram a morrer à fome e à sede.
O Leão e o Elefante, como chefes dos animais, juntaram‐se para discutir a situação. O Leão disse: "Vamos acabar por morrer de sede. Temos de chamar todos os outros animais e discutir a ideia de cavarmos um poço, de maneira a que haja água para bebermos."
O Elefante concordou e foi espalhar a palavra a todos os outros animais: "O Rei Leão e o Elefante estão a chamar‐nos!"
Todos os animais juntaram‐se para discutir a situação debaixo de uma enorme árvore. E o Leão começou a falar assim: "Ouçam, meus irmãos! Este ano, a chuva não caiu. Todos estão a morrer à fome e à sede, mas, quanto a nós, vamos fazer um plano para cavar um poço para que todos tenhamos água para beber."
Todos os animais concordaram e imediatamente agarraram em enxadas, pás e picaretas e começaram a cavar.
Mas, o Coelho não compareceu. Os animais começaram a trabalhar imediatamente. Cavaram. E cavaram ainda mais.
Finalmente, alcançaram água. Então, o Leão perguntou: "O que vamos fazer depois de alcançarmos a água? O Coelho não veio ajudar a cavar este poço. Por isso, ele não deve beber desta água, com certeza!"
Mais tarde, o Coelho apareceu, viu o poço e disse: "Olá?" e não ouviu nada. Então, entrou, bebeu a água e, quando terminou, brincou durante algum tempo lá dentro do poço e depois foi‐se embora.
No dia seguinte, quando os outros animais chegaram, repararam que o seu poço tinha sido remexido. A água limpa já não passava de lama. Eles perguntaram‐se: "Quem faria uma coisa destas?"
E alguém respondeu: "Aposto que foi o Coelho, porque, quando estivemos a cavar o poço, ele nunca apareceu."
Deste modo, os animais decidiram deixar um guarda no poço e escolheram o Macaco para o vigiar.
O Macaco estava de guarda quando o Coelho apareceu à noite, dizendo: "Olá?" E, silêncio. Por isso, repetiu uma vez: "Olá?" E Macaco respondeu: "Olá!" Então o Coelho veio até Macaco, dizendo "Amigo!"
Coelho deu o Macaco um pouco de mel. E o Macaco deixou ele tomar um pouco de água. Nesse momento, Hyena chegou e viu Hare bebendo.
No dia seguinte, quando a Hiena chegou, contou a todos os animais que o Coelho tinha bebido água do poço. Desta vez, escolheram o Cágado para ficar de guarda ao poço.
O Cágado estava de serviço quando o Coelho chegou à noite, dizendo: "Olá?" Não ouviu ninguém
responder e disse outra vez: "Olá?" Não ouviu
nenhum som.
Por isso, entrou e começou a falar para si próprio: "Assim é que é! Eu sou o Coelho! Venho beber um pouco de água."
O Cágado tinha‐se escondido atrás das rochas e parecia apenas mais uma delas.
Assim que o Coelho entrou na água, O Cágado agarrou‐o pela perna.
O Coelho disse: "Ups, não me agarraste. Agarraste apenas um pau!" Mas o Cágado não disse nada e ficou ali sentado a agarrar a perna dele até ao nascer do dia.
Quando o Leão chegaram, viram que o Cágado tinha apanhado o Coelho. Chamaram o resto dos animais para decidirem o que fazer com o Coelho.
Quando estavam todos reunidos, o Leão perguntou‐lhes: "O que devemos fazer com este Coelho?"
E o Cágado respondeu: "Quero que o Elefante o agarre com a sua tromba e que o bata contra aquelas rochas." Todos os outros animais concordaram.
Mas o Coelho disse: "Ó Grande Leão, sabes que os coelhos não morrem se os atirares contra as rochas. O Coelho só morrerá se for atirado contra as cinzas."
Por isso, o Leão disse ao Elefante para agarrar no Coelho. O Elefante agarrou no Coelho e começou a batê‐lo contra as cinzas.
Depois do Coelho estar completamente coberto de
cinzas, o Elefante pegou‐o e atirou‐o ao chão.
Fez uma grande nuvem de poeira e ouviu‐se: Phuuu! A poeira estava por todo o lado. Quando os animais viram o pó, riram‐se tanto.
Quando a poeira baixou, os animais olharam em volta e o Coelho tinha desaparecido! E então perceberam que o Coelho os tinha enganado outra vez.

