

Pensa era o melhor caçador de todo o deserto do Kalahari. Trazia animais gordos para casa e conseguia assim alimentar muito bem a sua família. Havia um pássaro que Pensa queria apanhar, o Pássaro Pam-Pam. As penas da cauda deste pássaro eram perfeitas para as suas setas. O problema é que nunca conseguia apanhar Pam-Pam numa armadilha nem acertar-lhe com um tiro. As setas de Pensa voavam pelo ar como um pássaro. Se ele conseguisse apanhar Pam-Pam e puxar as penas da sua cauda!
Pensa foi falar com o homem sábio da aldeia, o curandeiro. Pediu-lhe ajuda. Disse-lhe: "Por favor, guie-me para apanhar o Pássaro Pam-Pam. Preciso das penas dele para o meu arco e flecha. Como posso apanhá-lo?" O curandeiro respondeu: "Faz uma fogueira. Quando todos os insetos fugirem da fogueira, apanha o mais pequeno de todos. Faz uma armadilha e coloca o inseto dentro da armadilha. Vai ser uma tentação para o Pássaro Pam-Pam."
Pensa não sabia que o curandeiro e o Pássaro Pam-Pam eram amigos. Pam-Pam visitava muitas vezes o curandeiro e contavam histórias um ao outro. "Estou a avisar-te", disse o curandeiro quando o Pássaro Pam-Pam o visitou. "Disse ao caçador como te podia apanhar. Quando vires uma fogueira, tens de voar para bem longe. Quero ver qual de vocês é que fica a ganhar."
Entretanto, Pensa começou a caça ao Pássaro Pam-Pam. Sentou-se no campo e esfregou dois paus para fazer fogo. Quando apareceu fumo, soprou para as ervas finas à volta dos paus até aparecer uma chama e criar uma fogueira. Os insetos à volta da erva em chamas fugiram, mas Pensa conseguiu caçar um pequeno gafanhoto. Colocou-o na sua armadilha.
O pássaro Pam-Pam não conseguiu resistiu ao jovem gafanhoto na armadilha de Pensa. Decidiu descer e agarrá-lo rapidamente com o seu bico afiado. Pensa ouviu o piar do Pássaro Pam-Pam, "Pam-pam, pam-pam, pam-pam." Pensa correu para a armadilha. O pássaro estava lá!
O Pássaro Pam-Pam implorou a Pensa que o libertasse. "Não, não", disse Pensa. "Há muito tempo que ando a tentar apanhar-te. Hoje, és meu! As tuas penas vão fazer com que a minha seta voe muito mais alto, como tu."
O Pássaro Pam-Pam gritou: "Se me matares, não vais ter mais penas para a tua seta quando estas se gastarem, porque eu estarei morto. Liberta-me e prometo dar-te penas novas a cada lua cheia."
Essa noite, o curandeiro organizou uma dança à volta da fogueira para celebrar o sucesso do caçador e a liberdade do Pássaro Pam-Pam. Desde esse dia, todos os bons caçadores se lembram da história do Pássaro Pam-Pam e contam-na aos seus filhos como uma memória dos tempos passados.
Pensa foi para casa e fez setas notas. Quando as pessoas viram as suas setas novas, exclamaram: "Vejam só este caçador! Tem as penas do Pássaro Pam-Pam nas suas setas. Agora, vai caçar ainda melhor e trazer-nos coisas boas para comer. Vamos fazer um banquete!"
Essa noite, o curandeiro organizou uma dança à volta da fogueira para celebrar o sucesso do caçador e a liberdade do Pássaro Pam-Pam. Desde esse dia, todos os bons caçadores se lembram da história do Pássaro Pam-Pam e contam-na aos seus filhos como uma memória dos tempos passados.
Notas da história Em 1998, o contador de histórias!Xun Pensa Limungu (1949-2007) cantou esta história oral, acompanhado pela Khonga tradicional, a Marlene Winberg, que a traduziu com a ajuda de Kapilolo Mahongo. Fala da relação entre a natureza e as pessoas, o caçador e os animais caçados. Ensina ao público como o caçador depende dos recursos da natureza e que, por isso, não pode desperdiça-los. As ilustrações desta história são de desenhos feitos por Marlene Winberg, interpretados digitalmente por Satsiri Winberg através de manipulações de pinturas da Coleção de Arte Manyeka feitas por artistas San.

