

Esta história começa nos tempos antigos, quando os animais e as pessoas viviam juntas. Nesses tempos, as pessoas não tinham acesso ao fogo. Elas comiam a comida crua. Só o leão sabia fazer fogo.
As pessoas e os animais juntaram-se para fazer um plano. Eles perguntaram-se: – O que é que nós podemos fazer para tirar o fogo do leão, para que nós possamos cozinhar a nossa comida? Eles decidiram esperar até ao anoitecer e começaram a cantar e a cantar, a bater palmas e a bater palmas, chamando todas as pessoas para se juntarem. – Venham dançar conosco. Venham dançar conosco. Venham dançar conosco.
Muitos animais vieram do mato para se juntarem à dança e ao canto. O leão trouxe os seus paus de fogo. Ele esfregou os paus, esfregou e esfregou. Logo apareceu um pequeno fumo entre as varas. O leão soprou no fumo e adicionou algumas ervas. Uma pequena chama apareceu e todos trouxeram um pedaço de madeira. Em breve estavam todos a dançar em volta do fogo.
O coelho era um animal astuto e rapido. As pessoas disseram-lhe: – Enquanto nós estivermos aqui a cantar e o leão estiver aqui a dançar conosco, tu tens que tirar-lhe os seus paus de fogo e fugir. Assim, o Coelho agarrou nos paus de fogo do leão e fugiu. Mas o leão apanhou o coelho e trouxe os paus de fogo de volta.
O leão cantou uma orgulhosa canção: –A mim não me faz diferença. Eu não tenho problema. Eu posso-te comer com pelo, eu posso-te comer sem pelo. Eu não tenho problema. Todos vocês são comida para mim.
A gazela podia correr e saltar muito rapidamente. As pessoas disseram-lhe: – Enquanto o leão estiver aqui a dançar e cantar conosco, tu tens que agarrar nos seus paus de fogo e fugir.
Enquanto eles estavam a dançar e a cantar, a gazela agarrou nos paus de fogo e saltou em direção à savana. Mas o leão disse: – Porque é que eu não estou a ouvir os patapi patapá dos cascos da gazela atrás de mim?
O leão voltou-se e viu a gazela a correr em direção à savana com os seus paus de fogo. Então, ele correu atrás da gazela, apanhou-a e voltou para a festa com os seus paus de fogo. Uma vez mais, o leão cantou a sua orgulhosa canção.
As pessoas sussurraram então umas às outras. Elas disseram: – Vamos perguntar ao duiker. Ele é pequeno e muito rápido. – Duiker, eles preguntaram, tu tens que agarrar nos paus de fogo do leão e fugir com eles, enquanto o leão estiver a dançar e a cantar aqui conosco.
O duiker agarrou nos paus de fogo do leão e correu para a savana enquanto eles estavão a dançar em volta do fogo. Mas o leão disse. – Porque é que eu não estou a ouvir mais o bufar do duiker atrás de mim? Ele voltou-se e perseguiu o pequeno duiker que estava a saltar em direção à savana. O leão apanhou o duiker e retornou à fogueira com os seus paus.
O leão canto uma vez mais a sua orgulhosa canção. – A mim não me faz diferença. Eu não tenho problema. Eu posso-te comer com pelo, eu posso-te comer sem pelo. Eu não tenho problema. Todos vocês são comida para mim.
– Oh – suspiraram as pessoas –, qual o animal que nos pode ajudar agora? A avestruz tem as pernas mais compridas, vamos perguntar-lhe. Elas explicaram o plano à avestruz e, desta vez, ela agarrou nos paus de fogo do leão.
O leão disse: – Porque é que eu não estou mais a ouvir a voz aguda da avestruz a cantar atrás de mim? Ele olhou à volta, viu a avestruz e perseguiu-a.
Depois de muito tempo, o leão retornou com um cara cansada porque a avestruz tinha corrido mais depressa do que ele. – A partir deste dia – disse o leão – Eu não vos vou deixar sozinhos. Eu vou caçar-vos e perseguir-vos e comer-vos! E foi assim que o leão se tornou o inimigo das pessoas e dos animais e que as pessoas tiveram acesso ao fogo.

