

Era uma vez um Leão, que era o animal mais forte e temido. Caçava os outros animais e comia-os. Mas uma manhã em que estava à procura do pequeno-almoço ficou preso na armadilha de um caçador.
O Leão soltou um fortíssimo rugido de dor. Puxou e puxou para tentar libertar-se da armadilha. A armadilha apertava-se cada vez mais em redor da sua pata cada vez que ele puxava. O Leão ficou cansado e começou a sentir uma dor cada vez mais forte na sua pata. Por fim, desistiu.
Passaram-se alguns dias enquanto o Leão torrava sob o sol. Tinha fome e sede e não havia ninguém em redor que o pudesse salvar. Começou a enfraquecer cada vez mais. O Leão perdeu a esperança à medida que os dias passavam. "Vou morrer de fome e sede preso nesta armadilha", pensou ele.
Uma manhã, o Leão ouviu um som que saía de arbustos perto dele. Escutou e olhou com atenção redobrada. Viu o Facoquero a passear com a esposa e as crianças, a conversar e a rir. A família de Facoqueros estava a caminho do rio para beber água e brincar na lama antes que o sol aquecesse demasiado.
"Facoquero! Por favor, ajuda-me! Facoquero!" gritou o Leão. "Por favor, liberta-me desta armadilha", implorou o Leão. "Nunca", disse o Facoquero. "És um animal cruel. Se te libertar, comerás a mim e à minha família." "Prometo que nunca farei algo tão terrível. Seremos amigos se me conseguires libertar", disse o Leão.
O Facoquero teve pena do Leão. "Não gosto de te ver em tamanho sofrimento, cheio de sede e a morrer de fome." Então, puxou a armadilha com as suas fortes presas compridas e libertou o Leão. O Facoquero salvou o seu novo amigo.
"Muito obrigado, meu amigo, por salvares a minha vida", disse o Leão. "Tenho de regressar para junto da minha família. Adeus." "Bom regresso, meu amigo", disse o Facoquero. Estava feliz que o Leão fosse agora seu amigo. "A minha família nunca mais terá de fugir do Leão", pensou.
O Leão afastou-se fraco e a mancar. Também tinha muita fome. Então, viu os filhos do Facoquero a brincar na lama. "Hoje é o meu dia de sorte", disse o Leão com água na boca.
"Oh Facoquero, meu novo amigo", gritou o Leão. "Estive preso na armadilha durante vários dias sem comida. Mas estou demasiado fraco para caçar. Poderias dar-me um dos teus filhos para o meu pequeno-almoço?" O Facoquero estava chocado. "Salvei-te da armadilha e agora queres comer os meus filhos?"
"Tenho muita pena, meu amigo", disse o Leão "mas estou a morrer de fome. Posso estar fraco por enquanto, mas sou mais forte do que tu." O Leão abriu a boca e mostrou os seus fortes dentes amarelos. "Se não me deres um dos teus filhos, apanharei um deles de qualquer forma", rugiu.
O Facoquero sabia que não tinha a velocidade nem a força do Leão. Nunca conseguiria proteger os seus filhos caso tivesse de lutar. "Está bem", disse o Facoquero. "Dar-te-ei um dos meus filhos. Mas primeiro quero que me mostres como ficaste preso na armadilha. É para o caso de um dia ter de salvar outro leão desta armadilha."
O Leão imaginava já o sabor maravilhoso de um jovem facoquero na sua boca. Mal podia esperar. O Leão regressou à armadilha e colocou o pé no seu interior para mostrar ao seu amigo como tinha ficado preso.
"Au!" rugiu o Leão. O Facoquero tinha fechado a armadilha sobre o pé do Leão. "Ahã! Apanhei-te!" disse o Facoquero. "Ficarás novamente preso nessa armadilha, cheio de fome e de sede. Vê agora se os teus dentes fortes e as tuas garras afiadas te podem ajudar."
"Fujam! Fujam!" gritou a esposa do Facoquero com todas as suas forças. "Levantem as vossas caudas enquanto correm para que o vosso pai vos possa ver", acrescentou ela. As crianças correram o mais depressa possível por entre os arbustos.
"Facoquero, por favor, ajuda-me!" implorou novamente o Leão, cheio de dores devido aos dentes aguçados da armadilha do caçador. "Farei tudo o que quiseres se me salvares." "Nem penses, mentiroso! Nunca acreditarei novamente em ti", disse o Facoquero. "Avisarei também todos os outros animais para que não te salvem, porque és muito matreiro."
O Facoquero viu os seus filhos a correr em fila indiana com a mãe. As suas caudas estavam bem levantadas para que ele as conseguisse ver. Apressou-se para junto da sua família e fugiram todos para um local seguro. Ainda hoje em dia, os Facoqueros e os seus filhos correm sempre com as caudas levantadas para mostrar que estão todos seguros.

