

Há muito, muito tempo, havia uma lebre e um elefante. A lebre era esperta e matreira. O elefante era lento e vaidoso.
Um dia, a lebre foi ao mercado e comprou um par de bonitos sapatos feitos de ferro. A caminho de casa, a lebre encontrou o elefante. O elefante gostou tanto dos sapatos da lebre que lhe pediu para o levar ao sítio onde os tinha comprado.
A lebre disse ao elefante: "Devias comprar um par melhor que o meu, para poderes mostrá-lo a toda a aldeia e fazer com que todos fiquem com inveja." O elefante ficou muito entusiasmado com a ideia. A lebre e o elefante combinaram encontrar-se na casa da lebre no dia seguinte.
No dia seguinte, o elefante foi a casa da lebre. A lebre disse-lhe: "Bem-vindo, meu amigo. Entra para podermos arranjar-te o melhor par de sapatos do mundo."
O elefante ficou surpreendido e disse: "Desculpa, amiga, mas pensava que íamos comprar os sapatos ao mercado" A lebre respondeu: "Elefante, queres os sapatos ou queres visitar o mercado?"
O elefante acalmou-se e disse: "Claro que quero os sapatos. Nem dormi a noite passada a pensar nos sapatos." Assim, a lebre levou o elefante para as traseiras da casa, onde tinha feito uma fogueira enorme. A lebre disse ao elefante: "Põe-te em cima da fogueira, para começares a ver os sapatos."
O elefante tinha tanta vontade de ter os sapatos, por isso, fez o que a lebre tinha pedido. A princípio, não se importou com o calor da fogueira mas, depois, os cascos começaram a arder. Ficou com muitas dores mas, como queria uns sapatos bonitos, não se mexeu. À medida que a dor aumentada, o elefante chorava cada vez mais.
A lebre disse ao elefante: "Para de chorar, ou os sapatos vão ficar feios." O elefante acalmou-se um pouco, mas a dor não parava de aumentar. Enquanto as lágrimas corriam pelo rosto do elefante, a lebre ria-se e segredo. Disse-lhe: "Para de chorar se queres mesmo os sapatos."
Quando a dor já era demasiado forte e o elefante já não podia mais, saltou para fora da fogueira. Infelizmente, as patas estavam queimadas e não conseguia andar. Deitou-se a uivar, com a dor.
A lebre aproximou-se do ouvido do elefante e sussurrou: "Estiveste tão perto de ter o par de sapatos mais bonito de todos, mas agora, não podes."
Passaram muitos meses até que o elefante conseguisse levantar-se porque os seus cascos tinham ficado tão queimados. Estavam planos. Quando finalmente conseguiu andar, tinha ficado coxo.
Coxeou todo o caminho até chegar a casa onde a sua mulher e filhos o esperavam, em lágrimas. Até hoje, o elefante ainda coxeia e os seus cascos continuam planos.

