

Há muito tempo, o Deus dos Céus, Nyame, guardava todas as histórias numa caixa de madeira, lá no céu. As pessoas que estavam cá em baixo não tinham histórias para contar e estavam tristes. Pediram a Anansi, a aranha inteligente, para os ajudar.
Anansi teceu um longo fio e subiu até ao céu. "Podia devolver-me as histórias, por favor?" pediu ao Deus dos Céus. Mas Nyame riu-se e disse: "Estas histórias são muito caras. Não poderias pagar por elas, pequena aranha."
"Quanto custam as histórias?" perguntou Anansi. "Terás de trazer-me três animais raros e ferozes", respondeu Nyame. "Um leopardo com dentes afiados como lanças, um vespão que pica pessoas e uma cobra capaz de engolir uma pessoa inteira." Soltou uma grande gargalhada. Achava que as suas histórias estavam bem seguras.
Então, Anansi voltou a descer pelo seu fio. Pensou e pensou e teve uma ideia. Cavou um buraco bem fundo, cobriu-o com ramos e terra para ficar escondido e foi para casa jantar. De manhã, encontrou um leopardo caído no seu buraco. Estava a arranhar furiosamente os lados do buraco, mas não conseguia sair.
"Deixa-me ajudar-te, caro amigo", disse Anansi. "Deita-te em cima destes paus e eu puxo-te para fora." Anansi passou a sua teia peganhenta à volta do leopardo e dos paus e empurrou-o para o céu para o Deus dos Céus. Mas Nyame riu-se e disse: "Onde estão os outros dois?"
Então, Anansi voltou para baixo para procurar a segunda criatura. Pensou e pensou e teve uma ideia. Agarrou numa cuba cheia de água e foi para a árvore onde viviam os vespões. Verteu parte da água no ninho e depois, cortou uma folha de uma bananeira e colocou-a sobre a sua cabeça e verteu o resto da água sobre si mesma.
Chamou os vespões. "Vespões! Venham ver, está a chover! Rápido, entrem na minha cuba para ficarem secos." Os vespões não gostam de se melhorar, por isso, voaram todos para a cuba de Anansi.
Depois, Anansi teceu rapidamente uma teia à volta da abertura para que os vespões não conseguissem sair, por mais que zumbissem. Levou-os para o céu e mostrou-os ao Deus dos Céus. Mas Nyame disse: "Onde está o último?" (Já não se estava a rir).
Então, Anansi desceu novamente. Pensou e pensou, mas não conseguia ter uma ideia. Então, perguntou ao marido, que teve uma ideia muito boa. Em conjunto, encontraram um bom ramo espesso e comprido e algumas videiras muito fortes. Quando chegaram perto do rio onde vivia a cobra, começaram a discutir. "O ramo é mais comprido!" "Não, não é!" "Sim, é!"
Rapidamente, chegou a cobra e perguntou porque estavam a discutir. "Estava a discutir com o meu marido", disse Anansi. "Ele diz que este pau é mais comprido do que tu. Mas eu não estou de acordo." "Claro que sou mais comprida que esse pau!" disse a cobra. "Sou muito comprida! Sou uma cobra enorme! Põe o teu pau ao meu lado e mede-me!"
Anansi assim o fez e atou a cobra ao pau com a videira para a manter direita. Depois de estar bem atada, Anansi levou a cobra para o céu.
Nyame teve de admitir que Anansi tinha pago o preço que lhe tinha pedido. Então, foi à sua caixa de madeira, abriu a tampa e deu todas as histórias a Anansi. Triunfante, Anansi trouxe as histórias para baixo, para a terra. Partilhou-as com o seu marido e com todos os outros animais e pessoas. As histórias são para contar, não para guardar em caixas de madeira!

